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Carlos Alberto Silva Fernandes

Carlos Alberto Silva Fernandes

19 de Maio de 2015

IDADE: 44 anos.

FORMAÇÃO: Bacharel em Direito (UNIPÊ).

QUANTOS CONCURSOS JÁ REALIZOU: Com certeza mais de 10.

CARGO QUE OCUPA: Oficial de Justiça Avaliador Federal do TRT PE.

OBJETIVO FINAL NA CARREIRA PÚBLICA: Vou pensar com carinho e ver se ainda vale a pena tentar ser Procurador de Estado, de preferência na Paraíba.

Por que resolveu fazer concursos?

 

Fui criado em Brasília e comecei a trabalhar na iniciativa privada na área de informática desde cedo. Aos 16 anos, durante as férias escolares, já fazia estágios. Assim que terminei o ensino médio (o antigo segundo grau) já comecei a trabalhar como programador de computador. E como em Brasília paga-se bem, inicialmente não passava na minha cabeça ir para a área pública, apesar de minha irmã ser servidora do STF e da insistência dos meus pais para que eu fizesse um concurso público.

 

Com o passar os anos, depois de passar por várias empresas, de tentar um negócio próprio, trabalhando cada vez mais, sempre pressionado por resultados e não tendo o retorno esperado, e vendo a prosperidade de minha irmã (que não era rica, mas tinha estabilidade e um bom padrão de vida em Brasília) resolvi dar o braço a torcer e reconhecer que, pelo menos para mim, seria o melhor caminho para conseguir melhor qualidade de vida.

 

Fale um pouco de sua trajetória nos concursos públicos:

 

No início dos anos 90 (a CF/88 ainda era em bebê), cheguei a fazer alguns concursos como aventureiro. Mesmo com a concorrência infinitamente menor do que hoje, não obtive êxito. O mais perto que consegui na época foi ficar em 52º num concurso do TCU, na época para programador de computador, nível médio de escolaridade. Penso que se tivesse me dedicado um pouco mais teria conseguido uma melhor classificação, pois chamaram até o 25º. Mas vejo pelo seguinte lado, se isso tivesse acontecido não teria conhecido minha esposa em João Pessoa e não teria meus dois filhos maravilhosos.

 

Quando decidi me dedicar com seriedade aos concursos públicos, fiz um dos diversos “cursinhos” existentes em Brasília (ainda não era uma indústria como tivemos nos anos 2000) e procurava estudar no tempo disponível, que era pouco. Nessa época a internet estava apenas começando. Material de estudo tinha que ser comprado ou tirava-se cópia de alguém, Tudo era muito caro. Sem falar do fato que eu trabalhava de 8 às 18 como a grande maioria dos empregados celetistas. Depois ia para o cursinho. Quando chegava em casa, lá pelas 23 horas, ainda tentava ler alguma coisa. Estudar para valer mesmo, somente nos finais de semana.

 

Em 1996 apareceu o edital para o MPU (não sei se foi o primeiro ou segundo concurso para o órgão). Tinha vagas para técnico de informática. Novamente parti para o cursinho específico para o cargo. Porém a essa altura já tinha acumulado um certo conhecimento de constitucional, administrativo e português. Dediquei-me mais às matérias específicas (MPU e informática). E para minha surpresa e alegria fiquei classificado em 17º lugar.

 

Tudo bem que nessa época a concorrência ainda não era assim tão grande, o órgão não era tão conhecido, o salário inicial não era alto (e realmente não era, mas existia a mágica da progressão funcional à jato). Já ouvi muita gente dizer que tive sorte. Pode até ser, mas muita gente também fez o concurso e não teve assim tanta sorte.

 

Em 1997 fui nomeado para trabalhar no MPDFT como técnico de informática nível médio, com um salário baixo mas com perspectivas de aumento em um curto período de tempo. Em fim eu tinha alcançado o “valhala”. O que eu poderia querer mais?

 

Com o tempo, mesmo com a remuneração melhorando (por meio de progressão ou FCs), percebi que o serviço público era mais generoso para com os bacharéis de direito, em geral. Principalmente no Judiciário e no MP. Mais vagas, mais gratificações, mais funções etc. Logo, decidi fazer um curso de direito visando ser, inicialmente, analista judiciário. Entrei na faculdade de direito aos 28 anos e saí aos 33, já casado, com filho e morando em João Pessoa na Paraíba.

 

Depois de um certo tempo de acomodação (último nível na carreira de técnico, casa própria, casado, filho pequeno e algumas outras desculpas), em 2007 resolvi voltar a estudar para concursos de analista judiciário, delegado e defensorias (não podia fazer os concursos que exigiam 3 anos de prática jurídica, logicamente não ia parar de trabalhar para advogar e nunca tive a prática jurídica na PRPB).

 

Comecei a estudar as 6 matérias básicas (const., adm. CC, CPC, CP, CPC) e conforme o edital estudava as outras matérias. 

 

No começo fazia todos os concursos que apareciam desde que fossem para estados que eu considerasse que fosse dar a mim e minha família uma estrutura adequada.

 

Em 2008 fui classificado em 159º no concurso de delegado do Rio Grande do Norte, em 2009 fiquei em 10º no TRE-AL. Depois desse resultado dei até uma relaxada, pois acreditava que seria chamado “logo” (acreditava que pelo mesmo dentro de 1 ano) para o TRE-AL.

Conforme o tempo foi passando e o TRE-AL não chamava (nessa brincadeira se passaram 2 anos) voltei a estudar e fiz alguns outros concursos (defensoria pública, procurador de estado etc, mesmo não tendo a prática jurídica).

 

Decidi a me dedicar a ser oficial de justiça do TRT. Sempre gostei de direito do trabalho, odiava direito penal e entendi que os concurseiros estavam cada vez mais dedicados e especializados. Não adiantava sair atirando para tudo quanto era lado.

 

Fiz alguns TRTs e mesmo me sentindo muito bem preparado tive resutados ruins nos TRTs Sergipe e Santa Catarina. Fui razoável no TRT Espírito Santos (fique em 35º para OJ, sendo esse o último concurso de TRT que fiz). 

 

Em 2012 teve o concurso do TRT Pernambuco e TRF 5ª Região. Apesar deste último não ser meu foco, resolvi fazer. 

 

No TRT-PE fiquei em 17ª e no TRF 5ª Região (Sergipe) fiquei em 7º, ambos para OJ.

 

Novamente relaxei e certo que desta vez seria chamado para um desses dois concursos.

 

Para minha surpresa, no final de 2013, o TRE-AL entrou em contato comigo informando que eu seria nomeado. Assumi para conhecer o trabalho no TRE (trabalhei nas últimas eleições gerais).

 

E mais surpreendente ainda, já no interior de Alagoas, fui convocado para participar da turma de formação de delegado do Rio Grande do Norte. Logicamente já trabalhando como analista do TRE-AL, declinei. A diferença salarial não era grande coisa e o trabalho infinitamente pior. Como um amigo meu policial civil disse : “Carlos, se for só pelo dinheiro, você não aguenta uma semana”. Concordo plenamente, não tenho o menor perfil para delegado, promotor ou juiz.

 

E para minha felicidade, no dia 06/04/2015 saiu minha nomeação para oficial de justiça do TRT-PE. Se sair a do TRF 5 ainda vou ver se vale a pena. Mas finalmente havia alcançado meu objetivo.

 

 

Qual a sua metodologia de estudo?

 

Eu nunca pude estudar horas e horas seguidas. Não podia e não queria abrir mão de estar com meu filho (na época um bebê). Trabalhava de 12 às 19 h na PRPB. Então eu estudava de 5 às 8 e das 20 às 22h.

 

Em se tratando de concurso de analista, antes de sair edital e para as matérias básicas, estudava pelo livros já consagrados (Alexandrino, Lenza, Renato Saraiva etc) e lei seca. Já pós edital, para matérias específicas de algum concurso (como foi o caso do TRF5) estudava pelas apostilas do Ponto dos Concursos.

 

Eu tinha um grupos de amigos concurseiros e nos reuníamos em alguns finais de semanas para resolvermos questões.

 

No meu caso, o mais importante foi se manter sempre estudando. Com o passar dos anos fui acumulando uma base de conhecimento. Por isso a minha boa colocação no TRF 5, pois apesar de não estar focado em matérias como penal, processo penal, previdenciário e tributário, já havia feito uma boa base de conhecimento. 

 

 

Algumas dicas e conselhos que você acha interessante para quem está se preparando para um concurso público:

Manter o foco é a principal chave do sucesso. Apesar de ter sido aprovado em TRE, TRT e TRF, sempre fiquei classificado no que chamo de “zona da incerteza” ou “limbo”. Se tivesse me especializado/focado mais, teria passado antes e em uma melhor colocação, sendo e chamado logo no primeiro ano.

 

Outra dica para quem vai fazer concursos de analista é estude e pratique como fazer a redação conforme cada banca. A Internet contém farto material sobre isso. No TRE-AL a minha redação me jogou de 90º para 10º. Já no TRT-SC foi o que me afundou após uma excelente prova objetiva.

 

Nunca desanime e mantenha a esperança. Acho que sou bom um exemplo disso. Anos e anos estudando e fazendo concursos (descrevi apenas os que passei, foram vários os fracassos). E caso se classifique na “zona do limbo” NÃO pare de estudar, NÃO se acomode. Deixe para relaxar APÓS A NOMEAÇÃO.

 

Obrigado e um abraço a todos que tiveram paciência de ler tudo que escrevi.

 

Carlos Alberto

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